sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Já não sinto mais as dores
Pelo menos não as insuportáveis
Os sonhos já não me atormentam
Nem as vozes
Nem o breu
Muito menos a escuridão
Livrei-me da obsessão!
Agora, os gritos já não são mais de desespero
Os sonhos não me afetam tanto.
Na maior parte das vezes, nem os lembro
Mas ainda se faz necessária a escrita
Ela, são minhas asas.

sábado, 26 de junho de 2010

Se eu pudesse desenhar os meus sonhos...
Se eu pudesse desenhar os pensamentos e sentimentos...
Se eu pudesse ao menos dizer alguém que os faça
Que os pinte ou ao menos chegue perto.
Até mesmo Dali
Nem ele chega perto de ser um exemplo.
É tudo muito mais que isso.
É muito pior, ou melhor, ou mais louco
É insano!
E eu, posso apenas escrevê-los
Escrevê-los o melhor possível e o mais real possível
Mas nem a minha escrita me escreve ou me descreve
Nem a minha escrita, por mais que eu tente, nem ela chega perto desse tanto.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Você bem sabe que eu vivo triste aqui
e que a saudade que me invade corroi tudo em mim
Vem, meu amado, e diz pra mim o que quer
E eu te darei bem mais que o corpo e a alma de uma mulher.
Quando um amor devoto como o meu
entrega aos céus e ao tempo tudo que perdeu,
espera mais do que pode esperar.
Uma mulher que te amou tanto quanto eu.
Resta sempre na lembrança uma esperança
de ter de novo o seu bem querer.
E é tão raro querer como te quero
e suportar sem desespero o grito no cais
em silêncio sem saber aonde vais,
na infinita janela do nunca mais.
E o nunca mais quer fechar a minha janela
O nunca mais quer amargar a minha fé
O nunca mais, que te levou pro mundo,
quer roubar também a paz de quem te quer.

Você bem sabe que eu vivo triste aqui...

(O Nunca Mais/ Maria Bethânia)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

"Nas noites em que ando pelo vale da morte, vejo que muitos corpos de dor
que ainda penam por aqui só recebem o abraço do desamparo , o vazio é físico, ninguem ao lado , nem nas ultimas horas onde o sopro de vida teima
em existir...
Suplicam uma presença, uma presença de vida, um motivo para respirar, para
continuar pulsando...
Algumas almas conseguem gritar o nome de seus familiares. Gritam para o
nada. Suas vozes ecoam no quarto vazio...

Lembro de uma que chamava o nome da irmã, chamei a irmã e repassei o
chamado... Não pode vir, era sozinha e tinha filhos pequenos que precisavam
da companhia. A irmã também foi embora sozinha.

Vejo meus colegas da enfermagem guardando essa dor da cumplicidade em lugares tão escondidos que nem eles sabem que a dor existe...
Esse ano o câncer já levou duas colegas, será a dor explicitando-se deste
saber-se perecível que insiste em ser lembrado a cada corpo que putrefe a
luz de seus olhos cansados?"
http://escrevendoamorte.blogspot.com/

segunda-feira, 10 de maio de 2010

É que me pulsa e pula
Sem ritmo certo
Sem compasso algum
Esse coração descoordenado e bobo.
Que ama sem motivo algum
E que se contenta com o apenas existir deles.
Que sofre com a ausência e a inexistência de coisas que jamais existiram.
É esse doido e suicida a quem tento controlar sem sucesso algum.
A quem quase sempre encontro apertado e dolorido em um canto qualquer.
Ele, que dói de tristezas, de saudades e também de alegrias
Segue nesse descompasso
Bamboleando em cordas bambas
Batendo, girando e pulando
No ritmo louco que acha ser o certo.
Ela paira sobre...
A expectativa de que se vá
A apreensão do a qualquer momento e sem aviso prévio algum.
Ela já esta na porta a espera
Com seu ar doce e libertador
Espera o momento certo para lhe dar a mão.
Mas falta algum entendimento!
Só não sei se é de quem que ir
Ou de quem dedica boa parte de sua vida
A sua vida e a espera de sua partida
Faz-me falta escrever.
Tudo vai se acumulando e ficando cada vez mais trancado.
Parece ate que fico burra.
Fica tudo desconexo.
Pensamentos e sentimentos
Desconexos e bagunçados.
Pesadelos monstruosos banham-me a noite.
Banham-me literalmente.
Como se imersa no mar
Acordo afogando-me em dores, lagrimas e suor.
É de extrema urgência que esses gritos saiam de mim
Pois os pobres ombros já não agüentam mais a rigidez de aço
Agora que, mais uma vez recomeço o meu exorcismo,
Respiro mais profundo e mais aliviada
Por ter feito mais um desabafo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

E como uma flor
Fixa ao solo
É regada
Não de água, mas sim de amor.
E assim como a flor
Responde com vida
Com belas pétalas e perfume
E como a flor que ao vento dança
Dança
Mas o que dança, na verdade, é a alma
E dançam os pensamentos
E dança o coração
Ela plantou raiz
E cresceu tanto
Que hoje é o que me sustenta
Alimenta, protege e da paz.
É ela e sempre será
Aquela que estarei ao lado
Agarrada
Grudada
Pois se longe dela eu não vivo
Sem ela eu morro.
Sem esse amor
Nada teria vida
Muito menos eu.
Elas mudaram a minha vida
Mostraram-me dedicação, dignidade e humildade.
Ensinaram-me a doar por inteiro
A estar presente de corpo e alma.
Ensinaram-me o afeto, o toque e o amor

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

- Eu dormindo
- Um vídeo no computador.
- Uma mesa cheia de papéis.
- Limpam a mesa
- O gato estranha
- O gato corre por tudo
- Quem filma é o dono do gato.
- De repente o gato para sentado num sofá verde
- Rígido
- Como um pêndulo balança.
- De um lado p o outro
- A câmera acompanha o movimento frenético
- A tela fica preta
- Surge o busto de um homem segurando um champanhe em cada mão
- Champanhe estoura em fogos de artifício
- E a mensagem aparece:
- “FELIZ NATAL
“DANIEL alguma coisa Zosky.”
- Eu acordo
- E ouço a voz dizendo:
“Homem e gato mortos num incêndio de um hotel.”
- A ordem: Entregue a mensagem!