quinta-feira, 27 de maio de 2010

"Nas noites em que ando pelo vale da morte, vejo que muitos corpos de dor
que ainda penam por aqui só recebem o abraço do desamparo , o vazio é físico, ninguem ao lado , nem nas ultimas horas onde o sopro de vida teima
em existir...
Suplicam uma presença, uma presença de vida, um motivo para respirar, para
continuar pulsando...
Algumas almas conseguem gritar o nome de seus familiares. Gritam para o
nada. Suas vozes ecoam no quarto vazio...

Lembro de uma que chamava o nome da irmã, chamei a irmã e repassei o
chamado... Não pode vir, era sozinha e tinha filhos pequenos que precisavam
da companhia. A irmã também foi embora sozinha.

Vejo meus colegas da enfermagem guardando essa dor da cumplicidade em lugares tão escondidos que nem eles sabem que a dor existe...
Esse ano o câncer já levou duas colegas, será a dor explicitando-se deste
saber-se perecível que insiste em ser lembrado a cada corpo que putrefe a
luz de seus olhos cansados?"
http://escrevendoamorte.blogspot.com/

segunda-feira, 10 de maio de 2010

É que me pulsa e pula
Sem ritmo certo
Sem compasso algum
Esse coração descoordenado e bobo.
Que ama sem motivo algum
E que se contenta com o apenas existir deles.
Que sofre com a ausência e a inexistência de coisas que jamais existiram.
É esse doido e suicida a quem tento controlar sem sucesso algum.
A quem quase sempre encontro apertado e dolorido em um canto qualquer.
Ele, que dói de tristezas, de saudades e também de alegrias
Segue nesse descompasso
Bamboleando em cordas bambas
Batendo, girando e pulando
No ritmo louco que acha ser o certo.
Ela paira sobre...
A expectativa de que se vá
A apreensão do a qualquer momento e sem aviso prévio algum.
Ela já esta na porta a espera
Com seu ar doce e libertador
Espera o momento certo para lhe dar a mão.
Mas falta algum entendimento!
Só não sei se é de quem que ir
Ou de quem dedica boa parte de sua vida
A sua vida e a espera de sua partida
Faz-me falta escrever.
Tudo vai se acumulando e ficando cada vez mais trancado.
Parece ate que fico burra.
Fica tudo desconexo.
Pensamentos e sentimentos
Desconexos e bagunçados.
Pesadelos monstruosos banham-me a noite.
Banham-me literalmente.
Como se imersa no mar
Acordo afogando-me em dores, lagrimas e suor.
É de extrema urgência que esses gritos saiam de mim
Pois os pobres ombros já não agüentam mais a rigidez de aço
Agora que, mais uma vez recomeço o meu exorcismo,
Respiro mais profundo e mais aliviada
Por ter feito mais um desabafo.