terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Quero voltar a ser natureza
Quero correr com a água da chuva
Quero voar com o vento
Quero ser o perfume
Quero ser parte da flor
Quero ser a energia, o “Deus”.
A fixação
O suor nas mãos
Os ouvidos alertas
Os olhos fixos
A procura
A cabeça repete
Repete e repete
A loucura
O corpo pulsa
E o coração congela.
A fixação.
Não consigo descansar.
Atormenta-me
Noite e dia.
Sonho dormindo
Sonho acordada
As vozes
Os pesadelos
As loucuras
As dores
Da paixão
Da saudade
Do medo
Da morte
Do amor.
Incansavelmente fujo
Desesperadamente.
Persegue-me de dia
Mas a noite me alcança.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Canta a saudade
Como se fosse dela
A minha dor.
Canta a saudade
Como se de mim
Soubesse os sentimentos.
Canta a saudade
Expõe a dor da alma
Canta a saudade
Canta a dor
Canta o vazio.
Canta
Fazendo belo o sofrimento.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Vontade...
Que falta
A fala.
Que cala
A vida
E mata
A alma.
Que faz
Da noite
Claro
Dia.
Agonia!
Da alma.
A falta
Da vista
Da fala
Do cheiro
Do toque
Saudade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A face e o verso da minha dor
É o inverso da minha alma.
A saudade que me esmaga
É a dor que mata a alma.
Que ironia.
Dessa saudade que tanto fujo.
A saudade que tanto odeio.
É a força que me prende viva.
Essa força que tanto temo em sentir de forma mais intensa e perpetua
É o medo que me prende viva.
Que ironia.
A força que me mata
É a mesma que me prende viva.
O medo que me corrói, que me destrói
É a força que me mantém
Que me constrói.
Eu tenho um anjo de olhos azuis.
Que sempre que preciso me acolhe e me conforta.
Eu tenho um anjo que zela pelos meus sonhos.
Que zela pela minha felicidade.
Eu tenho um anjo.
Um anjinho de olhos azuis.
Procuro um acalento.
Algo que mantenha a alma calma.
Procuro um acalento.
Que me faca dormir tranquilamente
Sem pesadelos.
Acho que me incomoda porque está presa. E eu a queria livre, pois a amo.
Tenho de achar essa liberdade em mim.
Preciso abrir essa janela.
Às vezes parece que algo/alguém segura a minha vida.
Às vezes parece que algo/alguém empurra a minha vida.
E nesse jogo de forças
Eu oscilo
Do lado de fora ao fundo.
Mas sempre acabo pendurada na borda.
A um passo da liberdade
A um passo da queda
A um passo da prisão.
Sinto-me cada vez mais ligada a você
Tão ligada que, por vezes, não sei se sou eu ou você.
Tão ligada que ate à mínima distancia física dói.
É como se eu não estivesse inteira.
É como se faltasse um pedaço de mim.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Desligo a todo momento.
Espasmos a todo momento.
Parece que durmo e sonho acordada.
E como num susto, acordo.
Difícil ficar presente.
Difícil ficar ligada a ele.
Dificil...
Ela... Não a entendo.
Não se o que me causa.
Não sei o que me sente.
Clara ou escura?
Cruel ou misericordiosa?
Se bom ou se ruim?
Ela existe?
Ou é apenas por um erro - por ser matéria – é o corpo que realmente some?
À parte – Não sei em que plano fico.
À parte – Meu mundo.
À parte – Meus sonhos.
À parte – Meus pensamentos.
À parte – Meus medos.
À parte – Minha dor.
À parte – Minha vida.
À parte – Morte.
Não gosto das horas. Esse é o problema. As horas!
Que passam sem passar e de presente deixam dores e agonias.
Ao acordar, percebo-me acordada. De olhos fixos na parede.
Por duas vezes, acordo e já estava acordada.
- Como que por espanto
- Arregalada acorda.
- Como se toda aquela loucura fosse real
- Arregalada acorda.
- O corpo não quer descansar.
- É medo de sofrer a dor dos sonhos.
- Por medo, tenta manter o corpo aceso.
- Com os olhos sempre alertas.
- Tentando fugir daquela loucura.
- Como se toda aquela loucura fosse real.
- Arregalada acorda.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

- De uma nuvem no céu
- Libertaram Você e a Felicidade.
- Você caiu nos meus braços
- A Felicidade... Não sei.
- Você e a Felicidade não podem ficar separadas.
- Saí à procura da Felicidade.
- Vi-a, longe, em seus braços.
- Eu, agarrada em Você, corri atrás da Felicidade.
- Corro, corro e não alcanço
- Grito, mas não escuta...
- Preciso juntar Você e a Felicidade!
- Você não fica sem a Felicidade.
- Felicidade não existe sem Você.
- Eu não consigo mais viver sem Você e a Felicidade.
- Desespero!
- O mestre morreu!
- O verde.
- Pranto.
- O mestre morreu!
- Pequeno.
- Em minhas mãos
- O mestre morreu!
- O verde.
- Desespero!
- Vazio.
- Três na cama
- Três em cima do guarda roupas
- Olhos de Luiza... arregalados
- Paralisadas.
- Eu toco
- Cutuco
- Duras
- Paralisadas.
- Tem alguém na casa!
- Todas paralisadas.
- Do meu grito não sai som.
- Tem alguém na casa!
- Três na cama
- Três em cima do guarda roupas
- Arregaladas
- Duras
- Paralisadas
- Tem alguém na casa!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

De volta à superfície.
Não sei se permanente
Ou apenas para respirar.
Daqui de cima enxergo o fundo de onde saí
E toda a sua extensão.
Daqui enxergo o podre, o sujo.
E daqui, talvez, consiga alcançar este lixo e limpar minhas águas.
Não sei como nem onde me agarrar para não cair
Para não voltar ao fundo
Mas mesmo assim
Mesmo correndo o risco de afundar, preciso limpar.
Preciso tornar minhas águas límpidas e calmas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

- Numa rua verde na beira do mar
- Passa o ônibus
- Hipopótamos monstros pretos se banham no mar
- Uma casa de madeira
- Borboleta colorida gigante no teto
- O teto desaba
- Buraco negro.
- Por duas noite ele aparece
- Por duas noites ele fere
- Viola
- Por duas noites seguidas, ele doentio
- Porco!
- Tarado!
- Por duas noites....
- Nojo!
- Eu agredida
- Ela agredida
- Nós violadas

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Saudade mata aos poucos.
Eu não quero essa dor.
Eu não quero sentir essa saudade.
Mas ainda quero morrer.
- Eu e amigos num centro espírita
- Eles somem
- Fico sozinha
- Saio à procura
- Eu tinha que ter cuidado com o tal ser devorador.
- Sobre uma rocha, uma mulher .
- Subo na rocha
- Caio numa poça de lama.
- Um grito
- Falta um pedaço na mulher
- Morta.
- Ao meu lado... o ser (Forma humana, magro, nem homem nem mulher, pele de sapo ou cobra)
- Na poça comigo
- olhando para mim
-Gargalhando como quem diz: Viu?
- Falta um pedaço de mim.
E quando você acha que já sentiu toda a dor que poderia existir, ela se torna mais insuportável ainda.
É como se existisse um buraco na alma.
Como se faltasse um pedaço.
Como se toda a dor já não fosse suficiente.
Nunca achei que eu tivesse que ter tanta força.
E mesmo com toda força que faço, quase sou vencida.
O inferno é a minha cabeça!
Como calar algo que não tem voz?
Como calar uma boca que não tem voz (que não sai som)?
Como fugir deste inferno?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Capturou-me os olhos
Prendeu-os
Arrancou-me o ar
Roubou os meus sonhos e fez deles seus
E de algum modo,
Fez da noite verde como grama.
E a congelou.
Levou embora consigo, parte minha.
Bem querer se tornou pesadelo.
Noite após noite à procura de parte minha ou pare sua.
Noite após noite, sonhos e pesadelos me levam a você.
Pesadelos fazem do meu dia noite
E me perseguem.
Dia após noite e dia, a agonia de não entender
De não encontrar
De não saber
Que parte minha é essa.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Quem é a flor que brilha na luz e na treva?
Na vida e na morte?
Quem é a flor que nasce na selva de cimento?
Quem é a flor que sorri na tristeza?
Quem é a flor que flutua no céu de estrelas?
Quem é a flor que vive e brilha?
De quem é essa alma?
Alma?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Quando percebemos se estamos vivos?
Quando sabemos que aquele não existe mais?
Como entender se a dor já matou?
Sendo que ainda dói.
Dói porque o coração já parou de bater?
Dói porque o frio congela a alma?
Como saber se há vida?
Como saber se dói porque vive?
Se dói porque não quer viver?
Se dói porque morto?
Se dói...
Como entender o porquê de tanta dor?
Se dói
Se sufoca
Se mata.
Como saber se é vida?
Como?
- Uma casinha na beira da praia
- Uma família à procura de abrigo
- Furacão
- O vento derruba a casa
- O mar varre destroços e corpos.
- Andando de bicicleta por uma cidadezinha na praia
- Uma música dizendo que eu estou perdendo tudo
- Imagens do mar invadindo a cidade
- A água não é água, mas sim, areia
- Na minha piscina, nadadores presos, soterrados na lama de areia
- A música diz que eu perdi tudo
- Até a esperança

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Os sonhos se desfazem ao amanhecer
O grito esta preso na garganta!
E a angustia do não desabafo perdura.
Não, não quebra
Mas arranha.
Arranha fundo
Cada detalhe fica marcado.
As vezes gravado com tanta intensidade que quase quebra.
E nesse caso não tem volta.
Fica marcado, gravado...
Riscado tão profundamente que ao mínimo toque pode quebrar.
Mas não quebra.
E sem qualquer possibilidade de ser tocada...
Profundo
Permanece.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Eu cresci sonhando com você.
Cresci sabendo como você é.
Cresci sonhando em te encontrar.
A sorte de um amor tranqüilo era tudo o que eu queria.
Cresci achando que era tudo um sonho encantado.
Mas não era sonho e nem poderia ser.
Você é como eu sabia só que melhor.
Não poderia ser um sonho.
Fiquei sabendo do nosso amor!
Ele existe desde sempre.
Não poderia ser fruto da minha imaginação.
Eu fiquei sabendo!
Eu vi!
Eu sinto!
Você é real.
Meu sonho encantado real.
Não poderia ser mais perfeito.
Eu tenho a sorte de um amor tranqüilo
Incomensurável
Eterno.
Meu sonho real.
Amo desde sempre e para sempre.
Os sonhos estão fugindo.
Eu sei que estão aqui
Mas eles fogem.
Estão aqui, ao meu alcance.
Mas eu não consigo encontrá-los.
Todos eles....horríveis, estranhos, bizarros, lindos...
Todos deixando apenas um rastro.
Um código que eu não entendo.
Não acho o começo nem o fim.
Estão brincando comigo.
Não querem que eu os entenda.
Estou tentando decifrar os códigos.
Estou atrás de um rastro.
Tentando decifrar os meus códigos.
Estou fugindo de mim mesma.
O que é que eu não posso saber?
O que é que eu não posso entender?
Estou aqui fora tentando decifrar você aqui dentro.
Estou correndo atrás dos rastros.
Passo a passo, decifrando os meus códigos.

Perfil

Eu sempre escrevi.
Diziam que eu não sabia.
Eu sempre escrevi, mas eu não conseguia.
Eu sempre escrevi!
Até o maldito dia em que prometi parar.
Nove anos de silêncio.
Sem um sentimento.
Sem uma palavra.
Muda.
Calada.
Agora, a explosão!
Sentimentos por todos os lados.
Sonhos, gritos e desabafos.
Eu sempre escrevi!
Eu ainda sei. Só que melhor.
- Uma sala escura
- Vestidos de branco
- Uma roda
- Uma reza
- Uma pergunta
- Uma resposta:
- Niet!
- Ele para na minha frente e reza....Calado.

“A divina senhora.
Mãe de todos os tempos e todas as horas.
Floresça em nós um belo sorriso.
Abra o coração àquela que por ti vive.
Flutua sobre nós, verdes....
Derrama sobre nós o teu amor.
Ilumine nosso caminho.
Guie-nos para a plena felicidade.”

- Eu pergunto.
- Ele responde:
- Niet.
(2006/2007)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A lenda das sereias

Parecia uma excursão pela imensidão do mar.
Ele me explicava que, como punição, elas eram amarradas num emaranhado de cordas e correntes de tal forma que seus membros ficassem totalmente colados ao corpo, formando uma silhueta de cauda de peixe.
Eu, dentro do mar, sem saber onde estava a superfície, ouvia a voz explicando o que eu via lá de baixo.
Elas eram amarradas e jogadas vivas em alto mar com a intenção de que pagassem por seus erros.
Desesperada, ela se debatia, lutava, se afogava.
Porque sereias?
Exatamente neste local havia paredões enormes de pedras, com fendas e cavernas.
De uma destas cavernas saia um polvo enorme. O tão famoso “carrasco do mar”.
Ele foi em direção a ela e a envolveu com seus tentáculos.
E, não sei de que forma ele continuava a nadar enquanto ela se debatia.
Enquanto a devorava.
Da superfície se via apenas uma bela silhueta. A silhueta de uma sereia.
Ela, devorada.
Estaria eu também acorrentada?
Ele ria.
E eu, desesperada
Me debatia, lutava, me afogava.
Devorada.
(2008)
SSSSS!
Silêncio!
SSSSSSSS!
Eu disse: Silêncio!
Mas ninguém fala.
Ninguém ouve......Nada!
E eu?
SSSSSSSSSSSSSSSS!
Silêncio!
Silêncio!
Quieto.
Escuta.
Presta atenção. Você tem que ouvir!
Não pode ser só eu...
SSSSSSSSSSSSilêncio!
Não existe silêncio?
Ele zumbe! Ele grita!
Aqui dentro.
Ei! Ei você!
Você não ouve?
Eu quero silêncio.
SSSSSSSSilêncio.
Por favor, silêncio!
Me escuta!
Pára!
Silêncio.
Eu não consigo ouvir.
Silêncio.
Por favor, pára.
Eu quero silêncio!
Silêncio.
Não fala!
Não grita!
Me ouve!
Por favor, pára!
Silêncio....
SSSSSSSSSSSSSS.
Entre dores, felicidades e confusões.
Ela cresce,
Desenvolve,
Muda.
Quem é ela?
É outra pessoa.
Ela cresceu
Ainda cresce.
Ela grita.
Bonita? Não sei, mas ela cresce, desenvolve, muda.
É melhor agora, mas é confusa.
Sabe onde pisa, mas às vezes não encontra o chão.
É intensa.
Ela vive.
- Não sei que lugar é esse
- Mar cada vez mais
- Ondas gigantescas
- Pessoas se afogando
- Todos os meus colegas em uma poça d’água enorme
- Todos mortos
- Minha culpa
- Nós em um ônibus – Boiando no mar
- Você senta em um banco do ônibus ocupando todo ele para que eu não pudesse sentar
- Eu te amo. Você, eu acho que não. Mas você sabe.
- Me ignora
- Conversa com ele
- Beija ele
- Sinto dor
- Falta de ar
- Ódio
- Ela vê vocês
- Ela sabe o que eu sinto (não sei quem é ela)
- Me conforta
- Eu não sei quem ela é.
- Ela sabia, mas escondia.
- Fazia de conta que nada acontecia.
- Acobertava.
- Ou participava?
- Eu pedia socorro
- Ninguém acreditava
De um extremo a outro
Sem conseguir administrar sentimentos
Sem conseguir impedir a explosão ou a quase morte dele.
Daquele que bate, que vibra, que ama, que dói e que sofre.
Sofre não só de maus sentimentos.
Sofre, também, de felicidade, de amor, de vida.
Sofre porque sente demais e de menos
Da vida à morte
Do amor ao ódio
Oscila...
De um extremo a outro